Receitas Vegetarianas e Veganas

Amaranto

Conheça o ceral andino que na antiguidade era usado contra dores de estômago e hoje ajuda na perda de peso

Origem

Apesar de só agora o amaranto começar a aparecer nas prateleiras dos supermercados, esse tipo de cereal já era consumido há tempos por povos da América Central, como os incas, os maias e os astecas. De acordo com Carlos Spehar, pesquisador da Embrapa responsável pelas primeiras publicações científicas a respeito do amaranto no Brasil, o cereal foi domesticado no continente americano há mais de 6 mil anos. "Os astecas utilizaram-no no vale do México e os maias, na Guatemala, juntamente com o milho e o feijão." Com a chegada dos espanhóis, que descobriram o alimento em 1516, o cereal então começou a se espalhar.

Mas há apenas 20 anos é que a ciência brasileira descobriu os benefícios desse grão. Segundo Walter Quadros, atual coordenador das pesquisas da Embrapa, esses estudos têm como objetivo adaptar a semente ao clima brasileiro. "Existe uma demanda altíssima da sociedade por alimentos saudáveis e funcionais. Atendemos a um consumidor exigente e informado, os estudos em cima do amaranto têm potencial para um trabalho social, como por exemplo, a introdução do cereal na merenda escolar de populações carentes", informou o pesquisador.

Nome

Em português, ele tem um nome só: amaranto. Aliás, o mesmo que em italiano. Mas a sua família é grande. São mais de 70 espécies diferentes do gênero Amaranthus - que vai dar origem ao amaranth, em inglês. Ou ainda ao amarantos, em espanhol, ao amarant, em alemão e ao amarantes, como é conhecido pelos franceses. Porém, o amaranto não é exatamente um cereal. Ele é um pseudo-cereal. "Os cereais são, via de regra, gramíneas cujos grãos podem produzir farinhas que têm características nutricionais específicas assim como amido, aminoácidos e fibras. Os pseudo-cereais, como o amaranto, a quinua e o trigo sarraceno, não precisam necessariamente ser gramíneas, mas têm utilizações e propriedades alimentares similares aos demais cereais", explica o pesquisador Walter Quadros, da Embrapa Cerrado.

Propriedades nutricionais

Ele se diferencia de outros cereais, como o trigo, justamente por suas propriedades nutricionais. Com mais ferro do que qualquer outro cereal, o amaranto também é fonte de lisina, que segundo o pesquisador Walter, é um aminoácido que falta na maioria dos grãos. "O balanço de aminoácidos presentes no grão, faz do amaranto um alimento equilibrado em termos nutricionais." Segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), a cada 100 g de grãos de amaranto cozidos são encontrados: quase 4 g de proteína, mais de 2 g de ferro, 0,86 g de zinco e 47 g de cálcio, além de 2,1 g de fibras. Em relação à quinua, por exemplo, ele é menos calórico. São 102 Kcal a cada 100 g cozidas, enquanto que a mesma quantidade de quinua cozida contém 120 Kcal.

Propriedades medicinais

O interesse de pesquisadores, médicos e nutricionistas em relação ao amaranto não é para menos. Assim como a quinua, ele é um alimento considerado funcional. Ou seja, capaz de atuar no organismo prevenindo certos tipos de doenças. No caso do amaranto, a desnutrição, devido às suas propriedades nutricionais e o excesso de peso, pelo fato de promover saciedade. "A pessoa acaba ingerindo menores quantidades de alimentos e isso favorece o emagrecimento", aponta o pesquisador Walter Quadros. Além disso, a farinha do amaranto pode ser usada pelos celíacos porque, diferentemente do trigo, ela não contém glúten - a proteína do trigo que causa reação alérgica nesse grupo de pessoas.

Curiosidades

Plantação de Amaranto

Apesar de ter arbustos de até 2 m de altura, o grão do amaranto tem pouco mais de 1 mm. Mesmo assim, é possível fazer pipoca do cereal. Basta levar ao fogo, sem nenhum tipo de de óleo, por alguns segundos até que o grão fique branco. Depois é só temperar com sal. Segundo a ONG Sementes de Kokopelli, que promove o cultivo de sementes selvagens na Europa, nos EUA e no Brasil, os povos do Himalaia estouram a tal pipoca de amaranto e a misturam com mel, assim como faziam o maias e os astecas. O resultado é um prato conhecido como "laddoos".

A organização aponta para fatos históricos relacionados. No início dos anos 70, a partir das pesquisas do nutricionista John Robinson, da Universidade de Michigan, nos EUA, diversos estudiosos deram início a trabalhos relacionados à semente de amaranto. Descobriu-se, por exemplo, que os astecas utilizavam o amaranto na forma de chá para aliviar dores de estômago ou faziam uma pasta de suas sementes para oferecer aos deuses. No entanto, há registros do amaranto inclusive na cultura grega. Por aqueles lados, o amaranto é símbolo da imortalidade e era usado para coroar guerreiros e garantir-lhes invisibilidade durante as batalhas.

Fonte: Revista dos Vegetarianos

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