Receitas Vegetarianas e Veganas
Amaranto, o feijão dos Andes tem duas vezes mais proteínas do que trigo
O sol forte é sinal de seca no Planalto Central. No Centro-Oeste, cresce uma planta que veio do frio dos Andes para o calor do Cerrado. O amaranto é um arbusto com flores grandes, consumido na região do Peru desde o tempo dos incas. O poder da planta está nas flores carregadas de sementes.
"Mil sementes de amaranto pesam em torno de 1 g. Então, se uma planta produzir 30 g, são 30 mil sementes", ressalta o agrônomo Carlos Spehar, da Universidade de Brasília (UnB).
José Carlos Sphear é o pioneiro na pesquisa do amaranto, que ele chama de feijão dos Andes. O grão tem duas vezes mais proteínas do que o trigo comum. E essas qualidades convenceram o professor a buscar sementes fora do país para plantar no Cerrado. Assim, nascia o amaranto brasileiro que se deu bem no clima quente e que chega até dois metros de altura.
"Esse crescimento é muito rápido. Nos primeiros 15 dias, você não dá nada por ela. Depois, ela dispara a crescer. Ela cresce mais rápido do que uma soja no mesmo período", explica o agrônomo.
A fazenda de Sebastião Conrado de Andrade é a maior do Brasil em produção de amaranto. A confiança no futuro da produção do grão andino vem dos resultados colhidos nas primeiras safras. "São cerca de 2 mil quilos, com a mesma composição dos andinos. Conseguimos adaptar essa planta ao Cerrado", diz o fazendeiro.
A campanha pelo uso do amaranto ganhou adeptos em instituições do país inteiro que se dedicam a estudar as propriedades do grão. Na Universidade de São Paulo (USP), os pesquisadores já desenvolveram mais de 30 receitas usando a farinha de amaranto.
O professor José Arêas, do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), também se rendeu às propriedades do pequeno grão.
"Ele tem uma quantidade maior de proteína de alto valor biológico e também uma grande quantidade de cálcio de ferro e de zinco. Além disso, possui uma quantidade de fibra bastante alta. O amaranto passou a ser estudado a partir dos anos 60 em vários locais no mundo. Assim, a plantação e o consumo do amaranto começaram a se popularizar”, explica o pesquisador da USP.
Orientados pelo professor Arêas, os pesquisadores da Faculdade de Nutrição da USP foram mais longe: conseguiram comprovar em um estudo feito com hamsters, durante dois meses em 2005, que o amaranto reduz os níveis do colesterol total do sangue, ou seja, a gordura que vai formar placas nas veias e artérias.
"A dieta que continha amaranto fez com que esse colesterol despencasse realmente. Todos os colesteróis ruins foram para baixo, e os colesteróis bons foram relativamente mantidos. As proteínas do amaranto são as grandes responsáveis por essa redução. A partir daí, a gente começou a estudar quais seriam os mecanismos envolvidos", aponta o professor.
Leda Nogueira e Ivone Nunes sentiram na pele, ou melhor, no sangue, o que o laboratório havia testado. As caminhadas pelo calçadão de Vila Velha, no Espírito Santo, foram apenas parte da rotina para melhorar a saúde.
Ivone é administradora de empresas e, há três anos, descobriu que tinha problemas com colesterol alto. Registrava 246, no total. Leda é professora e chegou a 187 de colesterol. As duas corriam risco de desenvolver doenças no coração.
A saúde de Leda e Ivone começou a melhorar pelo cardápio. Elas passaram a comer biscoitos de amaranto todos os dias antes do almoço. Foram apenas duas semanas de experiência, sem mudança no estilo de vida e sem dieta. E os resultados foram impressionantes.
Foram recomendados até cinco biscoitos por dia de farinha de amaranto para Ivone e Leda.
"É um biscoito muito gostoso. A única coisa ruim da pesquisa é ficar restrito a comer só cinco durante o dia", comenta a pedagoga Leda Nogueira.
"Lembra um pouquinho o biscoitinho de aveia. Acho que por causa das fibras que tem", diz a administradora Ivone Nunes.
Tudo começou no Complexo de Atividades Biopráticas, do Centro Universitário de Vila Velha (UVV). Leda e Ivone estavam no grupo de 20 voluntários que participaram da pesquisa com a nutricionista Danielle Mohallem Pessanha, sob a orientação da professora Angela Ghizi. Metade do grupo recebeu, sem saber, biscoitos de aveia. E a outra comeu os de amaranto.
"Baixou em 16% o colesterol dos voluntários. E o mais gratificante e interessante é que o período da pesquisa foi de duas semanas. Quer dizer, baixou 16% em um período muito curto", afirma a nutricionista Danielle.
E não foi só: o resultado trouxe uma surpresa.
"Quando eu chegava em casa, não sentia aquela fome à noite. Eu percebi que, durante essas duas semanas, não sentia fome à noite", conta a administradora Ivone Nunes. "O biscoito tirou essa fome noturna. Eu não sentia mais essa necessidade”, concorda Leda.
"No total, 67% de voluntários relataram que, à noite, eles não sentiam fome por conta da ingestão desse cookie", alega a nutricionista Danielle.
É difícil acreditar que essa sensação de saciedade venha de um grão tão minúsculo. Mas o amaranto é poderoso e vira até pipoca. É que o grão fica melhor e mais fácil de usar quando é estourado.
"É mais interessante fazer a pipoca, porque, quando moemos, fica uma farinha mais fininha e mais nutritiva", aponta a nutricionista Bruna Menegassi, da USP.
O amaranto quase não tem gosto. E talvez essa seja uma grande qualidade, pois a farinha pode ser usada em inúmeras misturas sem comprometer o sabor e adicionando todas as boas propriedades ao alimento.
Além da pipoca, há um número sem fim de receitas feitas com o grão andino. Algumas com 20%, outras com 30% de farinha de amaranto. O bolo de banana é top de linha. Mas existem cookies, sequilhos, paçoquinha.
"A gente está testando e tentando aumentar os níveis de amaranto na paçoca. Nessas preparações, além de incluir esse alimento diferente, a gente aumenta o teor de fibras e de proteínas", explica a química Rosana Soares, da USP.
Fonte: Matéria exibida no Globo Repórter, no dia 03.07.2009Veja também:» Amaranto
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