Os partidos verdes
Receitas Vegetarianas e Veganas

Os partidos verdes


Vegetariano não é, simplesmente, quem, come salada e evita carne: há diferentes gradações entre aqueles que dispensam o alimento de origem animal

A chef Marina Corbucci pesquisou muito antes de se tornar vegana
São diversas as justificativas para virar vegetariano: busca por uma alimentação mais saudável, opções filosóficas, políticas e até mesmo religiosas. Qualquer que seja a razão para deixar de comer carnes (vermelhas ou brancas), o número de adeptos é crescente. No Brasil, já são 17,5 milhões de pessoas que se declaram vegetarianas — fatia que equivale a 9% da população brasileira, segundo pesquisa do Ibope realizada em 2011.

A chef Marina Corbucci, 27 anos, é vegetariana há 12. Em 2008, ela deu um passo além ao adotar o veganismo, filosofia que preza pela vida e direitos animais, de forma a não usar nenhum produto que os explore, desde mel até cosméticos. “O vegetarianismo é um grande guarda-chuva de dietas. O veganismo é mais que um regime alimentar. Por isso, antes de virar vegana, fiz muita pesquisa nutricional, culinária, filosófica e ética”, explica.

Adepto há 8 anos do ovo-lacto-vegetarianismo — regime com restrição a carnes, mas não a ovos e derivados de leite —, o empresário Daniel Suassuna, 26, conta que sua opção teve razões culturais. “Digo cultural porque não passava pela minha cabeça comer carne — além de ser uma recomendação para o que faço”, explica, referindo-se ao Método DeRose de yoga, do qual é instrutor.

Apesar da convicção demonstrada por quem eliminou a carne do cardápio, o tema ainda gera controvérsias, a começar pela palavra “vegetarianismo”. “A primeira coisa que eu pergunto é: quais alimentos serão excluídos e se há intolerância a algo. Isso porque existem aqueles que não usam nenhum tipo de alimento de origem animal”, analisa a nutricionista Maira Attuch.“Dessa forma, evita-se colocar a pessoa contra as próprias convicções, pois existem muitos derivados com componentes animais”, pondera.

A nutricionista Ros’Ellis Moraes acrescenta que insistir em divisões no vegetarianismo é ocioso. “O ideal é buscarmos a alimentação ideal para o nosso corpo. E, dentro desse conceito, ter determinados cuidados para manter o organismo em equilíbrio”, esclarece. E alerta: não adianta deixar de comer carnes e adotar uma dieta só de carboidratos — o resultado seria uma taxa glicêmica alta, deixando a pessoa predisposta a desenvolver diabetes e doenças degenerativas. “O veneno está na mesa. Precisamos pesquisar o que é melhor para cada corpo, fazendo-o funcionar com toda a eficiência”, diz.

A especialista Maira Attuch concorda com a colega e lembra que outro desafio é não exagerar no uso de laticínios, tais como leites e queijos. Apesar de serem uma excelente forma de garantir proteínas, seu consumo excessivo pode causar desequilíbrios como, por exemplo, síndrome fúngica — que é uma proliferação excessiva de fungos no intestino. Segundo a nutricionista, como consequência, a flora bacteriana pode diminuir e a pessoa pode começar a ter mais gases, ganhar peso e apresentar diarreia. “Não adianta comer de tudo, mas só colocar besteiras no prato. Carências nutricionais podem surgir para qualquer um”, afirma.

Cada um na sua

O vegetariano em sentido estrito não come nada que implique na morte de um animal. O consumo de ovos e laticínios, porém, é aceito por alguns. Segundo a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), há cinco grandes correntes de adeptos:

Ovo-lacto-vegetariano
Não consome nenhum tipo de carne, mas inclui ovos, leite e seus derivados na alimentação. É a forma mais comum de vegetarianismo.

Ovo-vegetariano
Exclui o leite da dieta, mas mantém o uso de ovos.

Lacto-vegetariano
Não come nenhum tipo de carne ou ovos, mas mantém o consumo de leite e derivados.

Vegetarianismo estrito
Não usa nenhum alimento de origem animal, sem exceções.

Semivegetariano
Apesar de polêmica, essa classificação diz respeito àqueles indivíduos que fazem uso de carnes em menos de três refeições por semana.

A atual classificação da SVB não dá conta de outras correntes vegetarianas. São elas:

Alimentação viva
Filosofia que adota um regime de alimentos crus (que podem ser aquecidos até 42ºC). Prioriza-se o consumo de alimentos germinados ou hidratados. Os adeptos afirmam que, assim, os nutrientes e enzimas de sementes, verduras, frutas, algas e cogumelos são preservados. “Esse cuidado diminui o gasto energético do organismo e, com suas propriedades enzimáticas preservadas, contribui para a regeneração, cura e equilíbrio energético e bioquímico do corpo”, explica a nutricionista Ros’Ellis.

Frugívoro (também chamado de frutívoro ou frutariano)
Sistema alimentar que admite apenas o consumo de frutas na alimentação. Como, do ponto de vista botânico, a definição de fruta se estende a outros vegetais e alguns grãos, alguns frugívoros podem incluir em sua dieta determinados cereais e legumes (abobrinha e beringela, por exemplo).

Freeganismo
É uma filosofia de boicote ao sistema econômico. A palavra é composta for “free” (liberdade, em inglês) e vegan. O último termo designa as pessoas que evitam tanto os produtos de origem animal como aqueles que foram testados em animais. Portanto, os freegans procuram reaproveitar alimentos e objetos descartados pela sociedade de consumo.

Macrobiotismo
De origem oriental, esse sistema alimentar pode ou não ser vegetariano. A base do cardápio são os cereais integrais (que correspondem a cerca de 70% da dieta). Os alimentos são consumidos, na maioria das vezes, cozidos e há tipos específicos para cada dieta, sempre levando em conta se têm características mais yin (ativos) ou yang (passivos). Essas proporções seguem diversos níveis de macrobiotismo, podendo ou não incluir as carnes (geralmente brancas). A macrobiótica não recomenda o uso de leite, laticínios ou ovos.

Fonte - Por Vinícius Pedreira - Foto: Zuleika de Souza/CB/D.A.Press



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