Receitas Vegetarianas e Veganas

Record erra ao exibir reportagem onde afirma que a proteína de carnes, laticínios e ovos é essencial para grávidas

A ideia de que precisamos de algum alimento de origem animal em qualquer fase da vida é ultrapassada

Na terça-feira (19), a Rede Record exibiu uma matéria que mostrava a alimentação de uma fotógrafa australiana durante sua gravidez, que já está no sexto mês (assista aqui). Jane Anthony é famosa nas redes sociais por ter uma dieta baseada em frutas e saladas, porém, de forma questionável. Como está grávida, a polêmica sobre seus hábitos alimentares aumentou.

Na matéria exibida pela Record, a alimentação de Jane é colocada o tempo todo como perigosa, especialmente para o desenvolvimento do bebê. De forma equivocada, a emissora classificou a dieta de Jane como vegana, dando a sensação de que todos os veganos são aventureiros e irresponsáveis com sua alimentação.

O Vista-se convidou a nutricionista Ana Ceregatti (CRN3 4816 / site) para assistir e comentar a matéria da Record. Acostumada a atender pacientes veganos e também pacientes que não são veganos, Ana apontou alguns erros graves da matéria:

“O assunto, que já é polêmico, está mal divulgado ao simplesmente classificar a dieta dessa gestante como vegana. De fato é vegana [por não ter nada de origem animal], mas nada equilibrada. Isso certamente pode trazer prejuízo à saúde do bebê, o que também aconteceria (e acontece) com dietas onívoras [com carnes, laticínios e ovos] desequilibradas.

Gestantes podem sim adotar uma alimentação sem nenhum componente de origem animal, darem a luz a bebês perfeitamente saudáveis e garantirem o aleitamento materno. Basta seguir algumas orientações básicas e, sendo possível, procurar orientação especializada para fazer os ajustes individuais.

1- O substituto das carnes e dos ovos sempre será o grupo dos feijões. São eles que fornecerão todos os aminoácidos necessários tanto para mãe como para o bebê, especialmente quando combinados com os cereais integrais. Alimentos como feijão carioca, preto, azuki, branco ou de qualquer outra variedade, além de grão-de-bico, lentilha, ervilha, fava e soja (especialmente na forma de tofu) devem ser consumidos diariamente, após terem sido deixados de molho por cerca de 12 horas antes de serem preparados. Isso é possível inclusive em dietas crudívoras, onde, após o remolho, esses grãos são consumidos germinados e deliciosamente temperados. Quanto por dia? Cerca de 7 colheres de sopa de qualquer um desses grãos.

2- A demanda de cálcio nessa fase da vida da mulher está aumentada. Mas ela não precisará usar os laticínios para conseguir tudo o que precisa. O que é imprescindível é a ingestão de vários alimentos do reino vegetal, como por exemplo a couve (que pode ser consumida em saladas, refogada e em sucos), o agrião, a rúcula, o brócolis, as amêndoas, o tofu e o gergelim (pode ser o grão puro e inteiro ou processado, sob a forma de gersal e especialmente de tahine). Alimentos enriquecidos com cálcio também devem estar presentes na dieta dessa futura mamãe, como as bebidas vegetais (as melhores são as de aveia e de arroz), granola, biscoitos entre outros.

3- Garantir uma ótima variedade de verduras, legumes e frutas, preferir os cereais integrais (sempre!) e incluir pelos menos uma porção de castanhas.

4- Evitar o consumo de alimentos prontos, contendo gordura trans, muito sal e aditivos alimentares, refrigerantes e todo o tipo de “porcaritos”. Essas coisas não fazem bem a ninguém!

5- Gestantes vegetarianas devem sempre fazer reposição de vitamina B12, desde o momento do planejamento da gravidez, quando começam a tomar o ácido fólico, até terminar o período de aleitamento.”

Para reforçar a afirmação de que é sim possível o perfeito desenvolvimento do bebê em mulheres veganas, o Conselho Regional de Nutrição (CRN3) afima que dietas vegetarianas bem planejadas podem ser perfeitamente saudáveis em qualquer ciclo da vida, inclusive durante a gestação (veja aqui).

Fonte: Vista-se - 21.11.2013

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