No dia a dia, 28% dos brasileiros têm procurado comer menos carne. Esta é a conclusão do grupo Ipsos, líder no mundo no fornecimento de pesquisas de opinião pública e social, fundado na França, em 1975. E empresas de São Paulo confirmam o bom momento do mercado de comidas vegetarianas.
A fábrica de Lafayette Hohagen só produz carne, hambúrguer, picadinho e até medalhão à base de soja. Há dois anos, o empresário começou a produção de alimentos saudáveis. Ele sempre foi vegetariano e não encontrava os produtos que queria no mercado. Hoje, já tem nove itens para atender a todos os gostos.
“Os meus produtos, principalmente os que substituem a carne ou que são preparados como carne, não contêm substâncias químicas, leite ou ovo. Portanto, são produtos acessíveis a esse público”, explica. Ele levou seis meses para desenvolver os alimentos, num investimento de R$ 50 mil, mas teve muita dificuldade para conquistar clientes.
“Você fala em soja e muita gente torce o nariz. Quando você percebe que grandes indústrias e empresas começaram a investir na alimentação saudável, principalmente enfocando a soja, você fica com mais coragem de entrar, apesar de saber das dificuldades”, confessa Lafayette.
A receita ele não fala para ninguém, mas a base dos produtos é a massa preparada. Primeiro, ela é colocada em um misturador por alguns minutos. Depois, é esticada numa prensa até chegar a espessura desejada. A partir daí começam os cortes no formato de cada item.
Reginaldo é o gerente de produção da fábrica. Antes de trabalhar na empresa, ele nem imaginava que existia este tipo de alimentação.
“Depois de começar a ter mais contato com produtos naturais e a adquirir mais o hábito, comecei a prestar mais atenção no meu tipo de alimentação”, garante.
Os alimentos são pré-cozidos, embalados e vendidos congelados. O empresário dá uma dica para quem quer investir neste setor.
“É um público exigente na qualidade da alimentação saudável. Então, se ele pega um produto, olha na composição e começa a ver um monte de cifras, números ou palavras inelegíveis, ele não consome. O nosso produto não tem absolutamente nada a não ser o trigo, a soja e o tempero”, afirma Lafayette.
Além de fornecer os produtos para supermercados, o empresário também faz entregas na casa do cliente. Ele contratou um motoqueiro, que percorre toda vizinhança. A cliente Anália Caly, por exemplo, optou por este tipo de alimentação por dois motivos.
“Por uma questão médica e também por estilo de vida, pois tenho um filho que me fez ficar vegetariana”, revela.
E no restaurante do chefe de cozinha Augusto Pinto, aberto há dois anos, a alimentação é 100% saudável.
“A gente se identifica mais como um restaurante que não vende carne, do que como um restaurante vegetariano. Não carregamos nenhuma bandeira, só não vendemos ou manipulamos a carne”, explica.
O curioso é que 80% dos clientes costumam comer carne normalmente.
“Estou sempre buscando alternativas diferentes de comer e aqui é um lugar gostoso, que tem uma boa comida”, elogia a cliente Mônica Medina.
Todos os dias são oferecidos pratos diferentes. E para não ficar amarrado em suas criações, o empresário fez questão de deixar de lado o cardápio fixo, tradicional nos restaurantes. Durante 15 anos, Augusto Pinto foi produtor cultural. E foi da antiga profissão que ele trouxe a idéia de surpreender sempre!
“A cozinha é um show por dia, uma produção diária, que vai desde a escolha do alimento, dos itens, de como você vai decorar o prato, de que molho você vai colocar. Isso é o que me motiva”, comenta.
O chefe de cozinha cria pratos como a feijoada de carne de soja, trouxinha de repolho orgânico com risoto de abóbora ou fisalis com chocolate. O preço do prato é único: R$ 14,50. No valor estão incluídos o prato principal, a sobremesa e o suco.
“É um público mais que exigente, interessado, preocupado com aquilo que consome. Ou seja, é público consciente da importância de se alimentar bem”, finaliza Augusto.
Fonte: Revista Pequenas Empresas, Grandes Negócios